Lições que precisam ser reforçadas, Instagram e Bolsonaro

Esta semana eu estava saindo da sala de prescrição do PS Pediatria para finalmente dormir, quando meu celular caiu da minha mão no chão. Foi fatal. Os pediatras presentes não puderam fazer nada, senão sentar e chorar. Ele só tinha dois anos.

Eu poderia ser processado por negligência e maus tratos, pois não foi a primeira vez que ele caiu. Sua tela já estava rachada de duas quedas prévias, e as costas também estavam quebradas de outra. Mas só desta vez ele parou de funcionar.

Trezentos reais para consertar. Direto no figo.

Mas eu mereço. Eu mereço. Depois de três quedas desastrosas — além das incontáveis quedas assintomáticas ou oligossintomáticas — eu já devia ter comprado uma capinha. Eu já devia ter aprendido a lição.

O chauffeur não teve culpa. Paciência, Iracema, paciência.

***

Existe uma verdade que eu sempre esqueço e que, por isso, eu sempre tenho que reforçar para mim mesmo:

Existem várias verdades que nós achamos que sabemos, mas nós precisamos reforçá-las mais e mais para realmente aplicá-las em nossa vida e não as esquecermos.

Eu, por exemplo, sei muito bem que não se deve andar por aí sem colocar a capinha no celular. Eu já sabia disso antes. E, apesar disso, meu celular agora está quebrado e disfuncionante.

Todo mundo sabe que tem que beber água e passar protetor solar. Ainda assim, é como se não soubéssemos.

Todo mundo sabe que deve se comparar com quem era ontem e não com quem outra pessoa é hoje. Ainda assim, abrimos o Instagram e choramos a desgraça de nossas vidas vendo as fotos da perfeição alheia.

Todo mundo sabe um monte de coisa. Ainda assim, Bolsonaro é nosso presidente.

***

Às vezes eu escrevo um texto como, por exemplo, aquele que fala que os bons são maioria ou aquele dos sinos, e fico em dúvida se devo publicá-lo ou não. Além de todas as questões ordinárias que circundam a publicação de um post (“Será que o pessoal vai gostar? Será que eu tiro este parágrafo? Será que eu preciso revisar de novo?” etc.), existe A Grande Agonia: Será que vale a pena publicar isto? Parece que eu só disse coisas óbvias…

De fato, são coisas óbvias. Mas isso não quer dizer que não sejam importantes, muito menos que não valha a pena apresentá-las (novamente) a meus leitores. Afinal, é preciso repetir as coisas importantes.

Ademais, é preciso lembrar que não há nada de novo sob o sol. Pelo menos, nada de inteiramente novo. Todo trabalho é uma adaptação de trabalhos anteriores, uma criação-filha de uma criação anterior.

Não é preciso ter tanto medo de dizer obviedades. Às vezes a forma como você diz é a forma certa para atingir uma pessoa específica e fazê-la mudar sua atitude. E isso já paga.

E nunca se esqueça, beba água e plante uma árvore!

***

Agora, sem celular, sobra mais tempo para escrever e menos tempo para ficar adicionando pessoas aleatórias no Instagram e no Facebook na esperança de que elas se interessem pelo meu blog. Malditas lições que precisam ser reforçadas.

E, sim, eu adiciono milhares de pessoas aleatórias na internet na esperança de que elas conheçam e eventualmente gostem do meu blog. Estatisticamente falando, se você está lendo isto, provavelmente: 1. você é meu amigo, ou 2. você caiu nessa. Crucifique-me.

Portanto, graças às lições que eu não aprendi que inutilizaram meu celular, meu objetivo é publicar mais textos. No fim das contas, é para isto que serve o blog, não para fazer stories com frases supostamente de efeito no Instagram.

Vou sentir falta dos meus designs no Canva.

***

Finalmente, para fazer jus ao título, quero lembrar uma coisa.

Esta semana, nosso pai Jair Bolsonaro mais uma vez nos deu uma lição genial de como ele é indigno de ser presidente.

Vacilante e com a voz tremendo, como de costume — exceto quando ele está cercado de seguidores e conversando com meninos de 15 anos — Bolsonaro covardemente, puerilmente e cruelmente insultou a memória do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. As palavras dele são nojentas — tão nojentas que não vale a pena repetir.

O capitão faz seu trabalho de nos reforçar uma importante lição. Não sejamos ingratos e aprendamos com ele.

Exercite seu corpo. Leia livros. Não eleja boçais.

Eu sei que você já sabia de tudo que coloquei neste texto. Mas não custa repetir.

19.08.02. Lições que precisam ser reforçadas, Instagram e Bolsonaro

5 comentários em “Lições que precisam ser reforçadas, Instagram e Bolsonaro

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    1. Seu blog me prende nas leituras… pelo simples fato de não serem frases impactantes de efeito e sim nossa corriqueira vida, poemas, filosofias e etc descritas da sua forma.
      E estou impressionada de eu estar gostando tanto dos textos… e vou adorar ter q ler os novos e repetir a leitura dos antigos sempre.

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  1. Estou rindo aqui, por que tudo que você disse é a mais pura verdade! É impressionante como nos auto boicotamos a troco de nada e aí quando algo dá errado vem aquela vontadezinha de voltar alguns segundos (ou mais) no tempo e fazer do jeito certo. Mas acho que é isso, saber e fazer são coisas diferentes e precisamos lembrar mais frequentemente 🙂

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