George Harrison, textos na internet e Nícolas Teixeira Cabral

Muita coisa mudou na minha vida depois que eu passei uns maus bocados em 2017. Fiquei um mês sem beber álcool, passei seis meses vegetariano, comecei um blog…

E passei a ouvir George Harrison.

Eu o invejava de certa forma. Eu gritava com ele, “I really wanna meet you, I really wanna see you, Lord”, mas na verdade eu não tinha senhor nenhum. Eu, que sempre gostei da perspectiva materialista que tinha da vida, que adorava saber que tudo vai passar, que não existe eternidade e que a vida é só aqui e só agora — eu, que não tinha deus, invejava a fé de George Harrison.

Mas eu realmente não tinha deus, e de fato não o tenho. Não podia recorrer a ele, e ainda não posso. Tinha que buscar em outro lugar minha explicação para a vida.

Foi muito por isso que este blog surgiu. Escrevo de forma mais ou menos regular desde os 16 anos. Tenho coleções de crônicas (péssimas), poemas (muito piores ainda) e contos eróticos (broxantes). Tinha vontade de publicar meus escritos, tentar criar alguma comunidade de leitores e escritores, compartilhar as ideias que eu tinha. Mas faltava motivação e um pouco de atitude.

O fim do poço foi minha motivação.

Já que eu não tenho deus, tive que cafungar fundo em mim para achar os sentidos que eu queria achar. E tem sido uma jornada muito boa.

***

Eu me considero um científico. Uma das grandes maravilhas do método científico é que a autoridade é rebaixada a quase nada. Na ciência, não importa quem fez o experimento; se ele foi feito corretamente, temos que acatar os resultados. Mesmo que eles contradigam deus.

É mais ou menos assim que eu encaro literatura de não-ficção de modo geral: só o texto importa.

Eu realmente acho que os bons são maioria, mas eu ainda fico indignado com alguns simpatizantes de Bolsonaro. Eu realmente acho que a medicina vale a pena, mas às vezes acordo e tudo que desejo é que não precisasse ir ao hospital. Eu realmente acho que todos somos um, mas ainda xingo os caras da Charanga sempre que tenho a oportunidade.

Eu não sou meus textos. Nem finjo sê-los. Eu sou muito mais feio do que ousaria escrever.

***

Como se fossem um deus que eu mesmo criei — e crio, meus textos são tentativas de elaborar o sentido que eu preciso para me guiar. Não falo de quem sou, mas de quem gostaria de ser.

Desculpa falar tanto de mim. Mas, se você está me lendo, precisa saber disso.

E vai que não sabia.

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