Como saber se alguém é inteligente?

Toda vez que vejo essa pergunta na internet as respostas incluem coisas como “eles escutam mais e falam menos” ou “eles têm poucos e bons amigos”. Não tem nada a ver. Porém, há maneiras mais ou menos efetivas de prever se alguém será considerado “inteligente” antes que você conheça a fundo a pessoa:

Eles são bem educados. A educação formal é o fator que melhor se associa com inteligência. Possivelmente, pessoas mais inteligentes estudam mais tempo, mas também a educação formal parece independentemente aumentar o QI.
Eles são bem sucedidos. Em geral, pessoas bem sucedidas são mais inteligentes do que a média, pois a habilidade cognitiva é um dos principais preditores de sucesso em longo prazo. Isso vale para as mais diversas indústrias, de comércio varejo a pesquisa universitária. Silvio Santos, Anitta, Fábio Porchat e Gleisi Hoffmann são provavelmente inteligentes. A correlação é mais fraca para algumas profissões, mas ainda existe, até em coisas bem físicas, como esportes.
Eles têm profissões que requerem inteligência. Em geral, se a pessoa fez curso superior ela estatisticamente tem mais chances de estar acima da média em inteligência. Isso é especialmente verdade para cursos como medicina, direito e engenharias, tanto pela dificuldade técnica do serviço como pela seleção na hora do vestibular.
Eles sabem falar sobre qualquer assunto. Se você fizer um teste de conhecimentos gerais, as pessoas mais inteligentes terão mais acertos. Ou seja, na prática, uma pessoa que consegue conversar com desenvoltura sobre temas em que é leigo é provavelmente uma pessoa inteligente.
Seus pais são inteligentes. O filho dos pais bem sucedidos em profissões tecnicamente difíceis que sabem falar sobre qualquer assunto, ou seja, que são inteligentes, tem boas chances de também ser considerado inteligente. Isso é tanto por causa do fator genético da habilidade cognitiva, quanto porque filhos de pessoas com mais educação formal costumam ter mais educação formal (e tempo de educação é um dos principais fatores ambienteais que aumentam a inteligência) e outros fatores ligados a recursos financeiros e culturais.
Eles não são agressivos. Agressividade é inversamente correlacionada com inteligência.

Existem outras características de pessoas inteligentes, mas menos sensíveis e específicas:

Miopia. Alguns estudos já demonstraram desde a década de 1950 que havia alguma correlação entre miopia e QI alto. Alguns pesquisadores sugeriram que a miopia se desenvolvia devido ao maior hábito de leitura dos pupilos inteligentes, mas existe a teoria de que genes em comum afetem o tamanho do olho e do neocórtex de forma semelhante, explicando uma possível origem genética para a relação.
Alta estatura. Há uma relação pequena e consistente entre altura e inteligência no fim da infância. Possivelmente, essa relação é explicada por fatores ambientais: crianças bem nutridas e saudáveis no período crítico (primeira infância) ficam mais altas e mais inteligentes.
Mães não fumantes. Alguma correlação foi demonstrada entre tabagismo materno durante a gestação e menos pontos de QI no concepto. Há pesquisadores que negam essa relação.
Felicidade. Pessoas mais inteligentes são mais felizes. É uma correlação pequena, mas há.
Ao contrário do senso comum de que pessoas inteligentes são introvertidas, há uma pequena relação positiva entre extroversão e capacidade cognitiva. Não é um preditor tão forte quanto os primeiros que citei e é impraticável julgar a inteligência de alguém a partir de seu grau de extroversão. Mas existe a relação. Aliás, vale lembrar que extroversão é felicidade.