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Sou humana, e só isso
Por que tanto rebuliço quando ajo como tal?
Não é justo que algo que me é inerente,
paradoxalmente, me faça sentir tão desumana
Profana
Como se contrariasse uma natureza celestial que não é minha
Ainda assim, instala-se a pressão,
A tensão que acompanha o morcego da meia-noite
Como um açoite para o autoflagelo
Penitência por não ser Deus
Pagando por erros que talvez nem sejam meus,
Mas de homens e mulheres apenas,
Criaturas terrenas assim como eu
Que ditam virtudes que ninguém escolheu
Nem Augustos, nem anjos estarão isentos
Dos morcegos e seus tormentos
Do vício
No fim, encaro a parte mais difícil:
me livrar do fardo pesado de não ser divina
De ser menina, humana, mortal
Só então, através do autoperdão
Talvez eu consiga transcender afinal.
O que você acha?