Uma colega acabou de perguntar por quais textos ela deveria começar a ler o blog. Eu disse que não sabia mais. Há seis meses, eu ainda saberia, mas agora não mais. Este ano, até agora (julho), eu já publiquei quase o dobro de textos que publiquei em 2019 e 2018 (sem contar os do blog antigo). O blog passou das 150 entradas. Tenho mais sete amigos publicados ou em via de publicar.
Está na hora de organizar a casa.
Por isso, apresento a vocês a minha lista de textos próprios essenciais. Meus melhores textos, mais significativos, que resumem melhor minha forma de ver o mundo, e que podem guiar aqueles que têm interesse em conhecer o blog.
OS ESSENCIAIS
Por que escrevo em um blog que ninguém lê
Escrevi isto em 2017. Cara, faz tempo!
Eu gosto desse texto porque ele exalta o sentido que há em fazer algo pequeno, mas bem feito. Foi este texto que plantou em mim a semente de ideias muito interessantes, como a do trabalho como serviço: qualquer trabalho, de garçom ou de médico, de futebolista ou de escritor, é um serviço a outros seres vivos. Não importa se um bilhão de pessoas ou se apenas uma vai consumir seu trabalho: ele deve ser bem feito, em respeito àquela pessoa.
E talvez a vida seja muito isto: fazer algo cuja razão de fazer esteja na própria feitura.
Por quem os sinos dobram
Também um texto de 2017 ou início de 2018.
Ele é fraco no desenvolvimento do argumento, mas é uma ideia muito importante para mim, que desenvolverei mais futuramente.
Há dois conceitos principais nesse texto: 1. a humanidade pode ser vista como um grande organismo em que cada ser humano é como se fosse uma célula; e 2. o que chamamos de “eu” é uma convenção, e há formas alternativas e não menos certas de encarar o que é “eu” e o que é “o outro”.
Eu pretendo abordar essa questão de forma mais profunda e sistemática no novo podcast que estou produzindo, tanto do ponto de vista científico (partindo da análise de como funcionam nossos sentidos) como do ponto de vista filosófico (partindo de considerações sobre a natureza de nossas ideias).
Um texto egocêntrico desde seu título. Este é de agosto de 2019.
George Harrison, textos na internet e Nícolas Teixeira Cabral
Eu já fui acusado de ser desonesto em meus textos algumas vezes, quase sempre por desafetos e quase sempre não diretamente. Esse texto devia deixar claro que eu não sou meus textos, nem pretendo sê-los.
Minha intenção com ele é apenas reforçar minha boa fé, e não necessariamente me defender, pois meus leitores são quase todos adultos relativamente bem educados — eles não têm desculpas para achar que eu devo seguir à risca o que eu escrevo.
Esperar honestamente que qualquer um siga à risca seus princípios é simplesmente tolice. E, portanto, acusar qualquer um de hipocrisia é hipócrita em si mesmo.
Esse texto tem uma frase que eu gosto bastante:
Como se fossem um deus que eu mesmo criei — e crio, meus textos são tentativas de elaborar o sentido que eu preciso para me guiar. Não falo de quem sou, mas de quem gostaria de ser.
Como diria Bezerra da Silva, muito certo!
Os bons são maioria
Também de 2017 ou início de 2018.
Este texto é um lembrete de que o mundo não é o Twitter. As pessoas na rua não carregam pedras prontas para jogar umas nas outras. A humanidade é majoritariamente boa e nós vivemos no melhor mundo que já existiu, historicamente falando. A maioria das pessoas está disposta a ajudar outros seres, humanos e não-humanos, sem receber nada em troca.
É importante lembrar isso, porque nossa janela para o mundo muitas vezes faz um recorte feio dele. É muito fácil receber pedradas de todos os lados por defender uma opinião na internet, mesmo que razoável e bem fundamentada. E eu digo pedradas, ataques pessoais e acusações, e não contrargumentos.
Mas o mundo não é isso. O mundo humano é majoritariamente composto de pessoas que querem colaborar, e não atrapalhar. É uma boa assumir que, a princípio, todos têm boas intenções. Os que defendem Lula e os que defendem Bolsonaro.
MEUS PREFERIDOS
Ideias como ferramentas para agir no mundo
Este é novo. Escrevi esses dias.
Ele é bom, mas não para ser lido sozinho. Ele faz parte de um raciocínio desenvolvido em outros textos, cujos links e resumos estão no início do post. Basicamente, é um ensaio sobre determinismo e livre arbítrio: como as leis da física tornam impossível pensar que temos controle sobre nós mesmos.
Nada, nada é seu. Nem seu pensamento.
Expressões em francês e moléculas cerebrais
Este texto é novo, mas ele foi baseado em outro mais antigo, de 2018. É rigorosamente o mesmo assunto e o mesmo argumento, porém posto de forma diferente, mais bonita e mais agradável.
É um texto que começa a explorar essa configuração que eu tenho tentado cada vez mais explorar: uma união de hard sciences, humanidades e arte. Parto de um assunto bem técnico — o polimorfismo do gene de uma enzima que degrada catecolaminas no córtex pré-frontal; cito obras literárias — Chuck Palahniuk e Diderot; e termino com uma reflexão aplicável à vida de todo ser humano — uma ideia que pode ajudar qualquer pessoa a viver de forma mais tranquila, com menos sofrimento.
É isso que vamos tentar fazer no novo podcast, de forma mais completa e mais sistemática.
De onde vem o nome “Uberlândia”?
Este texto também é de 2018 ou antes.
É a “defesa” da tese de que o nome “Uberlândia” não tem uma origem latino-germânica como a tradição diz, mas sim uma origem tupi-germânica.
Eu já mandei esse texto e essa ideia para alguns linguistas e para alguns historiadores — alguns concordaram, mas a maioria discordou. Mas eu acredito que boa parte deles não levou a sério o suficiente meus argumentos.
As pessoas acham em geral que eu defendo com muita força minhas ideias, e eu não nego isso. Porém, acredito (posso estar errado) que eu assumo com relativa facilidade que estou errado, quando acho de verdade que me enganei. Só que boa parte das ideias que eu exponho aqui no blog foram bem pensadas e bem argumentadas, e eu preciso de bons contrargumentos para me desfazer delas com tranquilidade.
Dito isto, note que eu não sou das letras, e não sei como se pesquisa academicamente uma etimologia. Gostaria de saber e já questionei alguns amigos sobre isso, mas não obtive respostas satisfatórias. Eu tenho vontade de perseguir essa teoria dentro do rigor acadêmico um dia, se tiver a oportunidade.
Você é mau
Este texto é recente.
Ele casa bem com o conceito de que os bons são maioria: as pessoas são em geral boas, mas são capazes do mal, assim como você.
Não se sinta o salvador do mundo, não pense que suas intenções são as melhores e que quem não concorda está errado. Talvez, no final, Bolsonaro esteja certo.
O mundo não é separado entre pessoas boas (nós, sempre) e pessoas ruins (eles). O mundo é composto por pessoas com capacidade para o bem e para o mal.
OS PREFERIDOS DE AMIGOS
Medicina, tatuagem, dor e arrependimento
Este é de 2018.
É o primeiro texto em que eu exponho a ideia de que a vida não serve para ser feliz, mas para ser vivida, e que nossas escolhas não são tão importantes assim. Recentemente, publiquei uma continuação dela: pare de tentar ser feliz.
Essa ideia ainda não foi bem desenvolvida no blog. Eu vou escrever mais sobre isso, pensar mais sobre isso, e eventualmente algo melhor vai sair.
Mães e filhos
Este é de 2019.
Com certeza, um dos meus preferidos. Muito, muito pessoal. Não sei se tem tanto valor para as outras pessoas, mas pessoalmente é um dos textos que eu mais gosto do blog.
A vida vem em ondas, como o mar
Um texto recente.
É uma ideia bonita, que eu já havia abordado antes no blog: quando algo ruim acontece na nossa vida, nós nos vemos no meio de um turbilhão que parece que vai nos engolir. Mas é um erro de perspectiva, na gigante maioria das vezes. A vida vai seguir e as coisas vão continuar mais ou menos certas e mais ou menos erradas, como sempre foram.
Quando tomamos distância e vemos o turbilhão pelo lado de fora, percebemos que ele não era tão feroz assim.
BÔNUS
70 coisas que aprendi em quase três anos de blog
Uma lista de 70 frases que resumem pensamentos importantes. A maioria tem links para textos meus, alguns itens têm links externos. Se ler a lista e algo interessar, é só clicar no link para acessar um texto que elabora a ideia da frase.
Boa leitura.

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