Ouça o poema na voz de Raiana. Perigo de arrepiar.
a paciência urge
havia uma
hemorragia
na minha
poesia interna,
que jorrava
e escorria
por dentro e por
todas as artérias.
de restos de verdades
a sílabas recicláveis.
do amor, do tesão
e daquela incomensurável dor
encravada nas curvas
dos neurônios,
onde batalham anjos
e meus demônios,
que controlam meus níveis
hormonais, mundanos e
astrais,
entre conceitos anormais
sobre cores e inclinações,
universalmente relativas,
de quem gosta de meninos
e quais gostam de meninas.
como se gostar dos dois
fosse de encontro a leis divinas.
pra nos contarem depois
que já se foi o tempo dos homens,
e que chegamos nos anos
não apenas das mulheres,
mas dos humanos.
animalesca psicodelia
que nos faz natureza,
que nos torna fantasia,
onde as culpas são
de quem causou o dano,
não importando, então,
quem levou a morder o fruto
por engano.
no fim de tudo,
quando a morte trancar os mundos,
acho que lembrarei mais disso:
não importa o que se é,
mas o que se fez e como foi feito.
entre o caminho de abrir o surgir
e fechar o sumiço com jeito.
havia poesia
na minha hemorragia
e ainda assim era sangue,
como qualquer outro é:
vermelho, salgado e pintado
de ferro e uns pedaços de fé.

O que você acha?