Por que pessoas inteligentes têm mais transtornos mentais?

Porque não.

Essa estória de que pessoas inteligentes são instáveis, tristes, antissociais, sem jeito ou até transtornadas… Isso é um mito.

Quer dizer, existem muitas pessoas inteligentes que são loucas e instáveis. Mas isso não é consequência da inteligência. Muito pelo contrário.

É romântico dizer que pessoas inteligentes desenvolvem mais doenças mentais. Afinal, “um homem com uma dor é muito mais elegante”, já dizia Leminski. A imagem do gênio perturbado é sexy.

Imagine uma pessoa muito f*** (e bonita, de preferência), mas à beira de um ataque de nervos. Imagina que pitel.

Bonito, inteligente e desregulado. Uma mistura irresístivel de tesão e perigo.

Mas é um mito. 

Para praticamente todas as doenças psiquiátricas, a inteligência é um fator protetivo. Pessoas mais inteligentes e mais bem educadas sofrem menos desses trantornos e, quando sofrem, o prognóstico é melhor.

Isso vale para transtornos do humor, esquizofrenia, demências, abuso de substâncias e outros.

***

Este estudo com mais de 50 mil suecos concluiu que a inteligência abaixo da média é ligada ao risco aumentado de desenvolver esquizofrenia, depressão severa e outras psicoses. Além disso, os estudiosos concluíram que sujeitos com inteligência normal também tinham mais esquizofrenia do que sujeitos com inteligência acima da média. Ou seja, não é apenas uma questão de baixo intelecto predispor a transtornos mentais: quanto maior o QI, menores as chances de desenvolver esses transtornos.

Este estudo com mais de três mil dinamarqueses concluiu que há ligação entre QI baixo e maior risco de esquizofrenia, outras psicoses, transtornos de personalidade, abuso de álcool e abuso de drogas. Os autores consideram que o baixo QI pode ser parte da etiologia dos transtornos ou apenas uma consequência deles.

Este estudo seguiu quase 50 mil conscritos militares suecos (o mesmo grupo que já citei ali em cima, mas um estudo diferente) de 1970 a 2007 e concluiu que a relação entre QI e problemas associados ao álcool era inversa e dose-dependente.

Este coorte, com mais de um milhão de sujeitos, que foram acompanhados por uma média de 22 anos, mostrou que homens com QIs mais baixos tinham maiores chances de desenvolver esquizofrenia, outras psicoses, transtornos do humor, transtornos de personalidade, uso abusivo de álcool e abuso de outras substâncias. Os achados foram significativos em todas essas instâncias, mesmo depois de considerados fatores confundidores. 

Por fim, este estudo com mais de 600 mil conscritos militares suecos concluiu que sujeitos com inflamação crônica sistêmica tinham mais chance de desenvolver esquizofrenia e também de ter QIs mais baixos.

Desta vez você errou, Maluco Beleza. Mas eu não estou aqui pra reclamar, e eu sei que no fundo você sabia que nosso demônio não é nossa inteligência. Afinal, nós só utilizamos dez por cento de nossa cabeça animal.

raulzito e vivi seixas

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