Crônica do amor amalucado, confesso, não tem jeito, nem sequer bons modos.
Quando uma mulher está a fim de um homem, de fato, ela não tem dia, noite, nem hora. Ela vai mesmo. Sendo solteira ou casada. Ela vira bicho, juro!
Não existe compromisso no emprego que segure essa mulher. Festas de casamento, almoço com as amigas, reunião de família? Só existem nas fantasias contadas ao seu marido, que já não é mais um impeditivo, e que ainda por cima cai no papinho das dores de cabeça e cólicas rotineiras. Bobinho.
Quando uma mulher está a fim de um homem não existe moralismo ou responsabilidade. Ela chega atrasada nas reuniões, deixa sua casa desordenada, e sua vida também. Mente pra irmã, mente pra amiga, e simplesmente vai, vai, vai. Pode levar alguns dias, afinal, tudo é sempre milimetricamente calculado. Mas ela vai.
Quando uma mulher está a fim de um homem ela vira uma personagem da própria vida e se sustenta. Fantasia o fim de semana, fantasia o mês, fantasia o ano, fantasia a vida inteira, até a morte (e se fantasia no velório dele, é claro, onde estará toda de preto, com um pequeno salto agulha encoberto por suas lágrimas, comprovando a todos como o amor e a loucura viraram uma linda história).
Quando uma mulher está a fim de um homem ela se transforma, entre recuos e ataques — e contra-ataques. Daí o que resta é o jogo entre o amor e o sexo, o encontro e o desencontro, a certeza e a incerteza, a paralisação e o movimento.
Quando ele a leva em um restaurante japonês, ela finesse, esquece que durante toda a sua vida odiou peixe, e come (disfarçando a cara) enquanto conta sobre suas aventuras pelas praias paulistas e fala sobre o grandioso dia que conheceu a história da culinária japonesa e tagarela sobre os complexos processos envolvidos. Sem perceber, ele entrou mais um pouco na fantasia. Ela é pura malícia.
Quando uma mulher quer mesmo, ela perde até o jogo do Corinthians contra o Palmeiras, embora invente que está esperando um e-mail importante da empresa e fique de olho no placar, em seu celular. Mas já é um puto ganho e tanto.
Quando uma mulher está subindo pelas paredes, ela começa a usar seus truques clássicos: compra um vestido provocador, muda o cabelo, compra a lingerie que tem um encaixe perfeito, começa a correr todos os dias e a fazer todos os truques que vê na internet — “As dez melhores massagens pompoaristas para você, mulher!”. Começa a insinuação: no carro, no cinema, no restaurante, naquele terreno afastado atrás do prédio da esquina. Quando ela quer, qualquer lugar é lugar.
Quando ela quer mesmo o grupo de amigas é convocado. TODAS elas. As que cresceram juntas, as que não são mais suportáveis, as que conheceram ontem. A mulher quer escutar tudo, e ficar com aquilo que lhe convém.
“Devo ou não mandar mensagem?” — 30 votos para sim, 20 para não. OK.
“No whatsapp? No instagram?” — OK. Reagir ao story, não posso ser tão fácil assim.
“Ele respondeu. Mas o que ele quis dizer com isso? O QUE SIGNIFICA ‘TALVEZ’?” — De fato, ele não está assim tão a fim. Deve ter sido apenas uma trepadinha. Certeza que foi só isso.
Noutro dia: acho que sou eu que não dei tanta abertura assim. Talvez ele esteja só inseguro. Incertezas.
Neurose de mulher é amor sem limite.
Quando uma mulher está a fim de um homem, ela se torna uma grande bobalhona. Pode ser expert em psicanálise, grande estudiosa e amante de Freud… Mas não adianta, homem, fazer piadinhas e trocadilhos sobre mãe: ela não vai entender. E ainda vai falar Fróide. E noutro dia irá acordar, com a cabeça martelando: “Fróide? SÉRIO?”. Não existe graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado que dê sustância à mulher ameba.
Quando uma mulher está a fim de um homem, ela fica tola, escolhe músicas perfeitas, que combinam com momentos perfeitos. Ela voa, vai pra outro plano, tropeça, ri, chora, se transparece, erra sem medo e chora sem explicação. Tudo pode, tudo é possível. Ela se abre como uma florzinha, mostrando suas várias camadas. Do afeto, da disputa, do ódio, do desprezo, do ciúme, do calor, do frio, da completude, da inconstância. É intenso.
Quando a mina está na sua, não tem olhar de canto de olho, não tem distração, não tem outro (ou outras). Ela arruma seu cabelo e passa o dedo, cuidadosamente, na sua sobrancelha, acertando os mínimos detalhes, elogia sua roupa, tira as pluminhas presas nela. Não tem outra risada, não tem outro olhar. Que sorte, rapaz.
Quando uma mulher está a fim… ela impressiona e te toma. Pode ser fissura sexual, pode ser ilusão de ótica, pode ser começo de amor para valer etc. Quando uma mulher está a fim, ela vira uma verdadeira domadora. Toma no riso, na fala e no caminhar.

Parabéns pelo lindo texto. Me contempla. Pena a gente ser essa pessoa tão incrível e a recíproca não ser verdadeira. Independente do que for, sigamos sempre sendo de verdade
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No jogo do Palmeiras ele pode esperar… rs
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hahahahahahaha.
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Uau, Julia! Por esta eu não esperava…
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Hahahah. Um dos meus preferidos.
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