Bem, a resposta real para essa questão é que é impossível saber exatamente qual a renda necessária para a aposentadoria. O que eu procuro fazer é uma espécie de projeção do meu “estado de vida” atual. Mas é preciso ser honesto consigo mesmo e reconhecer que as chances de erro são grandes — tanto maiores quanto mais distante estiver o momento da aposentadoria —, de modo que, se você pretende fazer essa conta “a sério” (p.ex. se você está definindo quanta renda vai efetivamente ganhar quando se aposentar, para fazer uma contribuição em plano de previdência), o ideal, sendo possível, é “chutar para cima”. Afinal, é totalmente óbvio que é melhor sobrar dinheiro no fim da vida do que faltar.
Isso dito, os elementos que hoje eu considero nessa conta são os seguintes:
- Preço da moradia. Eu hoje não tenho imóvel próprio; então, se for me aposentar, preciso colocar na conta ou o custo da aquisição de um imóvel, ou o preço que eu imagino pagar de aluguel. Esse é um ponto de incerteza grande, já que em princípio qualquer um pode viver em qualquer lugar, mas é certo também que, se eu tiver sorte de chegar até esse momento, terei, então, preferências por um ou outro lugar, e aí será questão de saber se, quando a hora chegar, o dinheiro que eu projetei será suficiente para eu viver onde tiver vontade.
- Despesas correntes com alimentação, transporte, lazer, contas de utilidade (luz, água, gás, internet). Imagino que se manterão mais ou menos constantes na aposentadoria, mas isso também depende, p.ex., de não acontecerem surpresas pelo caminho, do tipo ter que sustentar a família da minha filha (hoje ela só tem 6 meses de idade, mas ainda falta um tempo para a minha aposentadoria…).
- Despesas com saúde. Esse item tem um “grande potencial”. Monitoro os preços dos planos de saúde para quem tem mais idade, e sempre me assombro com os valores.
- Padrão de consumo. É preciso comprar roupas, eletro-eletrônicos, presentes, móveis de reposição; é preciso fazer a manutenção do veículo próprio (se você o tiver). Despesas “novas” também surgem. Vinte anos atrás, o item “internet” talvez fosse opcional. Hoje não é mais. Imagino que coisas como Netflix (ou outro serviço do tipo), armazenamento na nuvem, além de outros serviços que talvez a gente nem imagine que vão existir quando chegar a hora da aposentadoria, também acabem virando essenciais na mesma medida. É preciso ter atenção com despesas que não são totalmente regulares; os gastos ocasionais podem ser ocasionais quando considerados individualmente. No entanto, se você pensa neles coletivamente, eles acontecem regularmente. É preciso separar algum montante para arcar com esses gastos.
- Reserva. É sempre bom ter uma folga; viver no limite do orçamento é uma arte arriscada.
Cada um desses itens tem um valor que pode ser atribuído. Como eu disse no início da resposta, é muito provável que você vá errar em algum deles, ou em todos eles. No entanto, ainda que façamos a projeção de maneira incorreta, a meu ver é importante fazer esse exercício regularmente. Quanto mais isso for planejado, maior a chance de acerto. Além disso, o fato de não termos certeza sobre quanto alocar em cada item de forma alguma deve ser “desculpa” para não fazermos esse planejamento. Seu “eu do futuro” agradece.

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Texto original aqui.
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