Ânsia

Há tempos queria escrever este texto. Esperava redigi-lo quando, finalmente, me visse livre do teu fardo. Mas não acho que me verei alforriado da tua falta. 

Te busco em momentos de solidão, onde a minha própria existência me é demasiada, onde o que sinto exagera. Talvez, tua presença seja um bálsamo, com um alívio não tão grande quanto o incômodo da tua distância. 

Me vejo preso, não mais por interesse, mas porque te desejo mais do que tens potência de satisfazer-me. Porque tenho esperanças, de, quem sabe, em ti, me ver completo, suficiente. 

Haveria forma de esgotar meu anseio? De me ver transbordado? Ser metade, ou menos, é o que me é comum.

Não que tenha havido promessas de plenitude da sua parte. Não te culpo. 

Eu que tenho buscado teu gosto em outros sabores, que, ainda que me adormeçam o rosto, não me trazem o deleite que procuro. Talvez nem mais o teu trato o traga. 

Não sei se teria trazido em outro momento. Mas tua ausência é excruciante. Talvez eu queira fugir dela mais do que gostaria de te encontrar.

Não saberia dizer. Te ter não seria como te tive. Seríamos eu outro e você não mais a mesma. 

Me jogar em teu esquecimento causou a mim não ser mais quem fui. Não me reconheço na fome de te devorar.

Ainda que te procure, te vejo e não te encontro, te toco e não te sinto, te trago, mas meu ímpeto é te respirar.

Haverá droga que cure a tua ausência?

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